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Melhores Partes 8 – Banheiros

Postado às 21:00 do dia 25/09/20

Certamente, caberia um tratado filosófico sobre banheiros, ou no mínimo sobre os pensamentos filosóficos que foram gerados dentro de um banheiro, o que talvez justifique porque há tanta filosofia de merda por aí.

Tenho impressão de que, para Pondé, certas discussões sobre banheiros devem ter nascido em banheiros, o que é totalmente compreensível neste caso:

“ […] a epidemia do coronavírus foi uma espécie de coroação do fim do sonho global. Ficamos mal-acostumados com a certeza de que o grande debate seria apenas entre banheiros trans ou não.” (leia mais)

Eu gosto de banheiros limpos. Não precisam estar meticulosamente limpos, mas sempre acho o banheiro da minha casa mais limpo do que os banheiros das casas que visito. A faxina semanal dos banheiros em casa é minha. Assim, desenvolvi rapidamente a noção de que pequenas ações de limpeza facilitam a faxina geral, como deixar um frasquinho com álcool 70 na bancada e passar no assento sanitário durante a semana; ir recolhendo os fios de cabelo que vão caindo pelo chão; manter a bancada com poucos objetos (em casa, é só escova, pasta, sabonete, Listerine e o frasquinho de álcool). Outra coisa mágica é deixar uma esponja dentro do box e esfregar os azulejos durante o banho. Mas feche a torneira, pelo amor! Não gaste água à toa.

Banheiros também são um espécie de confessionário e alguns best sellers já iniciaram com alguém chorando no banheiro, como Comer, Rezar e Amar da Liz Gilbert. Particularmente, prefiro minha cama pra chorar; acho mais confortável.

Banheiros públicos são fundamentalmente uma necessidade desconfortável. Cheiram mal, não oferecem privacidade, quase sempre são sujos, então nunca entendi porque mulheres gostam de ir ao banheiro juntas pra conversar com tanto lugar mais bem cheiroso num restaurante ou numa boate. Harry Potter possivelmente me entenderia:

“Mas todas as vezes que ele viu Cho naquele dia – no intervalo das aulas, depois do almoço, e uma vez a caminho da aula de História da Magia – ela estava cercada de amigas. Será que a garota nunca ia a lugar algum sozinha? Será que ele talvez pudesse surpreendê-la quando estivesse entrando no banheiro? Mas não – parecia até que ela entrava ali também com um séquito de quatro ou cinco colegas. (…)” (leia mais)

Banheiros são o espaço mais íntimo pra nossas próprias vergonhas, como fazer caras e bocas na frente do espelho, fingir-se rock star no chuveiro, contorcer o rosto quando se está ressecado, consumir pornografia ou notícias sobre política, o que quase sempre é a mesma coisa!

“ – Quero dar uma festa realmente má. Estou falando sério. Uma reunião onde haja briga e sedução e pessoas sendo ofendidas e mulheres que desmaiam no banheiro. Espere e verá.” (leia mais)

Mas a gente só entende o quanto banheiro pode ser um tema difícil no momento em que se descobre tendo que fazer xixi de forma que ninguém nos escute, uma meta a ser perseguida quando o banheiro fica ao lado da sala de jantar e todos estão em silêncio comendo. Pra mulheres, ser ouvida no banheiro pode ser constrangedor, ao passo que sabemos de homens que se orgulham dos sons que provocam no banheiro, como se isso fosse demonstração de uma força e boa saúde. É uma questão de gênero, Pondé.

“Eu jamais seria capaz de enumerar todos os teus deveres, pois não há um minuto de tua vida que não seja comandado por um deles. Por exemplo, mesmo quando estiveres isolada no banheiro para a humilde necessidade de aliviar tua bexiga, terás a obrigação de cuidar para que ninguém venha a ouvir a musiquinha de teu riacho: terás portanto de puxar a válvula de descarga sem descanso.” (leia mais)

Assista ao vídeo do Melhores Partes 8 – Banheiros.

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