Casa Máy > Diário em Off - Posts > crônicas > Melhores Partes 11 – Álcool
Ah, os prazeres de Baco. Às vezes, a gente pode ter impressão de que nenhum bom livro, nenhuma boa música poderia ter sido produzida sem esta etílica influência. É verdade que durante longos e longos séculos era mais seguro ingerir qualquer bebida alcoólica que a simples água de poços ou riachos, tal o nível de contaminação dos mesmos.
É assim que ficamos sabendo que, veja só, a primeira greve de estudantes de que se tem notícia na história ocorreu na França, no século XIX, motivada pelo aumento do preço do vinho. E você achava que universitários só fazem beber, né?! Não, também fazem greves!
Neste ano, recebi um chiste muito bom sobre os efeitos benéficos do álcool. O cartaz dizia: “Há vinhos que melhoram com os anos, mas este ano de 2020 só melhora com vinho!”. É ou não a mais pura verdade?
Pra esta videocrônica selecionei 4 citações que falam sobre bebidas alcoólicas, não necessariamente louvando-as, nem necessariamente as denigrindo. Há citações que são apenas uma constatação, como esta de Jennifer Egan, sobre nosso contumaz e inócuo esforço pra curar bebedeiras:
“Ted refletiu sobre a questão enquanto tomava três expressos no saguão do hotel, deixando a cafeína e a vodca se cumprimentarem em seu cérebro como dois peixes de briga.” (leia mais)
Outro esforço feito pela humanidade foi manter estoques de bebida bem controladinhos. Pode-se suportar muitos roubos, mas roubos podem ser mais bem suportados se a adega tiver se mantido intacta depois da passagem os ladrões. Veja esta citação de Neil MacGregor. Possivelmente, devemos a escrita a alguém que queria manter sua adega na ponta do lápis:
“Temos uma tendência a achar que a escrita tem a ver com poesia, ficção ou história, o que chamamos de literatura. Contudo, no início a literatura era, na realidade, oral – decorada para ser recitada ou cantada. As pessoas escreviam o que não conseguiam aprender de cor, o que não podiam pôr em versos. Assim, praticamente em toda parte, parece que os primeiros escritos diziam respeito a manter registros, a contabilizar ou, como no caso desta pequena tabuleta, a contabilizar cerveja.” (leia mais)
Se o consumo de álcool motivou até o nascimento da escrita, pense que motivo suficientemente forte ele não foi pra que se buscasse o Cálice Sagrado, ele próprio um objetivo etílico. Na palavras de Howard Pyle:
“No meio da tenda ficava a Távola Redonda com lugar para exatamente cinquenta pessoas, e em cada um dos lugares havia um cálice dourado cheio de vinho perfumado e uma vasilha de ouro com pão branco fresco.” (leia mais)
Certamente, a Távola Redonda não teria alcançado o mesmo êxito se os cavaleiros se hidratassem com água.
Mas o que mais seria possível dizer sobre o mérito do álcool, senão que ao seu mérito é que arrumamos motivos. Lord Dunsany nos escreveu sobre isso, leia:
“A história não é contada como se conta um fato casual, nem é comentada de boca em boca, pois é contada somente em volta daquela grande lareira e quando a ocasião, a quietude do lugar, o mérito do vinho e o proveito de tudo isso parecem justificá-la na opinião dos cinco homens responsáveis […]” (leia mais)
Neste ano, participei numa live mais comprida e recebi o maior elogio que alguém poderia ter me feito: postaram no Instagram que assistiam à minha live na companhia de uma boa taça de vinho tinto. Sinceramente, há elogio melhor?
Agora, assista ao vídeo do Melhores Partes 11 – Álcool.
Escrito por Mayra Corrêa e Castro (C) 2020
(Se compartilhar ou citar, mencione a fonte. É simpático e eu agradeço.)