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Melhores Partes 10 – Sabedoria

Postado às 21:16 do dia 23/10/20

A sabedoria de uma pessoa se revela de muitas formas. A mais gostosa é pelo bom humor. Meu pai, que tinha um bom humor irritante, também dizia que isso é sinal de gente inteligente. Mas nós sabemos que sabedoria não é sinônimo de inteligência: sabedoria tá mais pra QE, enquanto inteligência tá mais pra QI. Pra fazer humor, um humor bom, é necessário inteligência… e sabedoria. De onde se deduz que, se humor é sinal de sabedoria ou de inteligência, tanto faz: definitivamente é sinal de algo.

Ser sábio é conhecer o jeito certo de falar as coisas, inclusive mentiras, inclusive verdades. Há verdades que são inverossímeis e, pra elas, um sábio diria:

“Esta história é tão verdadeira que, para contá-la, serei forçado a mentir (…)” (leia mais)

É preciso concordar que apenas a mentira torna a realidade real. Trata-se do insólito da vida, que muitas vezes parece mais ficcional que a própria ficção. Um diretor famoso no Brasil disse que não é a vida que imita a arte, mas o contrário, porque apenas a vida é capaz de distorcer o razoável. A este propósito, caberia uma conclusão:

“ – Que cólica é a ezistência – retomou Madeleine (suspiro).” (leia mais)

É a conclusão de alguém sábio; mas, por ferir a norma culta, diriam que não é a de alguém inteligente. Discordo, por óbvio, linguista que sou. Existir com x é algo que deicha dúvidas, enquanto ezistir não deixa dúvidas nenhumas. Muito sábio quem escreve ezistência.

Cometer erros faz parte do humano – a célebre frase “herrar é umano”. Mas Deus também comete erros, como quando vemos uma pessoa linda de alma vil, ou uma pessoa feia de alma boa. Deus trabalha, por decerto, através de compensações:

“Era uma mulher a quem fora dada essa bela voz para indenizá-la de algum modo pela aglomeração de equívocos que era seu corpo.” (leia mais)

E nada compensa a falta de delicadeza para com uma mulher feia. Há que amenizar os equívocos de seus atributos custe o que custar – atente para este sábio conselho.

Mas quem é feio, feio mesmo, sabe-se feio. Por isso que pessoas feias costumam dar bons cuidadores, ou bons pais e boas mães, ou bons humoristas. Tudo por causa do já citado mecanismo da “indenização”. E a grande indenização para a aglomeração de equívocos desta nossa ezistência que parece de mentira é podermos rir: