Casa Máy > As Melhores Partes - Posts > autoconhecimento > Tipos de personalidade – Daryl Sharp
Este é o segundo livro sobre tipologia jungiana resenhado aqui. Se você não conhece esta tipologia, trata-se de uma introdução fácil e didática.
O autor, Daryl Sharp, escolheu como epígrafe de seu livro a seguinte citação de Jung: “A classificação não explica a psique individual. Não obstante, a compreensão dos tipos psicológicos abre caminho para uma melhor compreensão da psicologia humana em geral.”
Mas estamos em sombrios tempos, tempos em que o cientificismo estrangulador zomba de reducionismos, zomba mesmo de Freud, acusa-o com os mais perversos xingamentos, rouba-lhe inclusive a primazia de ter popularizado o conceito de inconsciente, e reduz este conceito apenas ao Complexo de Édipo. Então, meu conselho é de não sair por aí aplicando a tipologia de Jung em uma roda de conversas, muito menos nas redes sociais, onde a sanha patrulhenta do cientificismo o acusará de se utilizar de conceitos que a ciência já provou serem errôneos (provou?).
Por outro lado, se você ler sozinho em quarto escuro sem wi-fi este livro, e aplicar os conceitos apenas pra pensar sobre si mesmo, provavelmente terá ótimos insights, possivelmente ganhará algumas compreensões sobre suas próprias esquisitices. E isto lhe fará tão melhor quanto menos você alardear o que aprendeu sobre si – pois hoje não faltam críticos a formas de conhecimento não-científicas.
Feita esta introdução, neste livro você aprenderá sobre as 4 funções da psique de Jung: as duas que são racionais (ou de julgamento), pensamento/sentimento; e as duas que são irracionais (ou de percepção), e intuição/sensação. Entenderá a dinâmica entre elas que se dá em um balanço de função dominantes, função inferior e funções auxiliares. Também aprenderá sobre os dois tipos básicos de atitude: a introvertida e a extrovertida e como ambas se relacionam às funções.
É uma leitura muito agradável. Depois dela, reconheci-me no tipo extrovertido intuitivo, para o bem e para o mal, claro.
Desta leitura, separei uma única citação:
“A conclusão é que um teste avaliado externamente, ainda que auto-administrado, não é um guia confiável daquilo que está ocorrendo interiormente. No campo da tipologia, como em qualquer tentativa de autoconhecimento, não há nada que possa substituir uma contínua autorreflexão.” (p. 138-139)
Tendemos a gostar muito de testes (e a tipologia de Jung derivou um deles que é bastante famoso), e o alerta é pra que nos lembremos de que uma longa vida de reflexão traz-nos mais que a leitura do resultados deles. Mas custa bastante ao autoconhecimento pegar no tranco. É nestas horas que estes testes servem como um pontapé – e creio que esta foi a intenção desta tipologia, como a própria epígrafe do livro explica.
escrito por Mayra Corrêa e Castro (C) 2024
SHARP, Daryl. Tipos de personalidade: o modelo tipológico de Carl. G. Jung. Tradução Yara Camillo. São Paulo: Editora Cultrix, 2021.