Você já sabe que a laranjeira-amarga (Citrus × aurantium var. amara) nos entrega 3 tipos de óleos essenciais (OE) e 1 tipo de essência natural (ES), certo?
Mas há outros produtos aromáticos e medicinais que esta árvore produz e vou lhe ensinar os nomes em francês.
Primeiramente, a laranjeira-amarga é comumente chamada de “bigaridier”. A língua inglesa conservou este nome, pois se refere a essa espécie como “bigarade”. Assim, sempre que você ler no francês bigaradier, refere-se à variedade amarga da laranjeira. E por que isso é importante? Não é tudo laranja?
É tudo laranja, mas olfativamente os OEs e essências extraídos da variedade amara e da C. sinensis, que é a laranja-doce, diferem um pouco. Além disso, os OEs das flores e dos galhos não costumam ser extraídos da laranja-doce.
O OE de bigaradier extraído das flores se chama “néroli” em francês. Apesar desse acento agudo, a palavra é oxítona na língua francesa, sendo pronunciado como leríamos nerolí. (O acento agudo, em francês, fecha o |e|, para diferenciá-lo do e aberto, que se escreve “è” ou “ê”.)
Já o OE extraído dos galhos com brotos de frutas é chamado de “petitgrain”, que literalmente significa pequeno grão. Contudo, os brotos das frutas são chamados preferencialmente de “orangettes”, que significa laranjinhas. Nessa fase de desenvolvimento, elas ainda estão verdes e do tamanho de um bola de gude.
Os pés de laranjeira são podados com frequência porque os galhos mais baixos, chamadas de “brout”, impedem o bom crescimento da árvore. Assim, como também produzem OE, eles são aproveitados na destilação na produção do petitgrain. A razão de esses galhos mais baixos serem chamados de “brouts” (pronuncia-se bru) é que são comidos por mamíferos herbívoros. “Brout” significa pasto.
Além da produção de OE e ES, o bigaradier costuma ser utilizado de três outras formas:
Pra finalizar, quero apenas lembrar que os franceses chamam de “essence”(essência”) o OE obtido da casca dos frutos dos citros: apenas quando as cascas são destiladas é que elas produzem o “huile essentielle” (óleo essencial). Aliás, tecnicamente, esta distinção é corretíssima, dado que OE é o produto obtido por meio de destilação. Como não apenas em língua portuguesa, mas nas francesa e inglesa, a gente tende a chamar de essência aquilo que é sintético, costuma-se acrescentar o “naturelle” (natural) para falar do OE prensado, assim: “essence naturelle”.
Ah, e eu não poderia deixar de observar que “huile” (óleo), em francês, é substantivo de gênero feminino. Assim, o que para nós é UM óleo essencial, para falantes do francês é UMA óleo essencial. Curioso, não é mesmo?
Beijo de cheiro, Mayra.