Casa Máy > As Melhores Partes - Posts > botânica > Remarkable Trees – Christina Harrison e Tony Kirkham
A história do Kew Gardens começou com a expansão do Império Britânico no século XVIII, mais precisamente em 1759 quando a Princesa Augusta, mãe do rei George III, inaugurou um jardim botânico com 9 acres no distrito londrino de Kew. Em 1768, Joseph Banks, botânico que participou da famosa expedição da Endeavor junto com o Capitão Cook nas costas da Austrália, onde conheceu plantas que usamos na fitoterapia e na aromaterapia, como eucaliptos e melaleucas, tornou-se o primeiro diretor do Kew, embora extraoficialmente. Iniciou-se então a colheita de espécies por todo o mundo. Naquela época, o conceito de biopirataria talvez não pudesse ser aplicado, embora boa parte do que impulsionasse as expedições marítimas inglesas como também holandesas, espanholas e portuguesas fosse obter novos fornecedores de plantas e sementes para cultivá-las, seja em território europeu, seja nas colônias na África, Américas e Oceania e alguns locais da Ásia. Então, a história deste estupendo livro é um pouco a história de como o ser humano se apodera e se apoderou da riqueza proporcionada pelas plantas.
Duas vantagens deste livro vêm do fato dele ter sido publicado sob os auspícios do Kew. Os especialistas que o escreveram trabalham lá: Christina é editora da revista Kew Magazine, possui mestrado em história de jardinagem, e é especialista nas árvores do Kew. Tony é o diretor do departamento de árvores – o Arboretum – do Kew. Ambos são autores de outros livros também. A segunda vantagem são as ilustrações: há 180 delas, todas vindas do acervo monumental do Kew. São pranchas botânicas, exsicatas e fac-símiles de fotografias antigas. Tudo isso nos traz um livro de tirar o fôlego.
A leitura também é agradável, porque os autores não se perderam no botaniquês. Aliás, a ideia é passar conhecimento botânico mostrando a relação das plantas com a história da humanidade e do papel que as árvores selecionadas desempenham em nossas vidas atualmente. Foi agradável também dividir as seções realçando as razões pelas quais determinado grupo de árvore é mais conhecido. Assim, temos os seguintes agrupamentos:
Não deve ter sido nada fácil selecionar apenas 63 espécies de árvores entre as 60.000 que que são estimadas existir. O Kew possui mais de 50.000 plantas cultivadas (e é também um dos mais vastos centros de pesquisa sobre fungos) e seu Arboretum possui exemplares com centenas de anos. Ainda assim, foi necessário sair do Kew para falar de espécies que crescem apenas em microrregiões da Terra e que, por isso mesmo, estão infelizmente em risco, seja pela urbanização, seja pela introdução de novos patógenos, seja pelas mudanças acarretadas pelo aquecimento global.
Quando ler o livro, chamará atenção o fato de que entre as 63 árvores descritas boa parte sejam coníferas. Fósseis vivos, são espécies sobreviventes, resilientes e das mais longevas em nosso planeta. Também chamará atenção quais são as árvores brasileiras incluídas e quais são nossas velhas conhecidas na aromaterapia: castanha-do-pará, na parte das nativas, e cedro-do-atlas, cedro-do-himalaia, canela-do-ceilão, noz-moscada, tea tree, olíbano, abeto-de-douglas e junípero-comum na parte das aromáticas. Eu gostaria de ter visto uma copaibeira ou uma seringueira entre as plantas descritas, mas listas são ingratas e talvez eu superestime a importância de ambas por puro bairrismo.
Da leitura das árvores que são usadas na aromaterapia, consigo destacar alguns fatos que eu não conhecia. Veja quais são.
De todo modo, se puder pelo menos folhear o livro, garanto que ficará estupefato. O livro é glorioso, porque árvores são gloriosas.
Escrito por Mayra Corrêa e Castro (C) 2020
(Se compartilhar, por favor, cite a fonte. É algo simpático e eu fico agradecida.)
HARRISON, Christina; KIRKHAM, Tony. Remarkable trees. Thames & Hudson, Inc.: London, United Kingdom, 2019.