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O que se vê e o que não se vê – Frédéric Bastiat

Postado às 19:32 do dia 17/02/20

As Seis Lições de Ludwig Von Mises, junto com A LeiO Que se Vê e o Que Não se Vê de Frédéric Bastiat costumam ser primeiras leituras de que se aventura no liberalismo econômico e político. Com o esforço atual pra difusão das ideias liberais e da escola austríaca no Brasil, é bastante fácil encontrar estes livros narrados em podcasts ou gratuitos na internet. De forma que Thiago Mitraud, deputado federal do Novo por Minas Gerais, quando provocado por um parlamentar de que deveria ler O Capital, distribuiu cópias das Seis Lições pra que todos na comissão também as conhecessem.

Bastiat (1801-1850) foi um político francês que se notabilizou por defender as ideias liberar num período em que a França se voltava para o socialismo na primeira metade do século XIX. Ele mostrou que muitas políticas econômicas bem intencionadas têm efeitos danosos à economia porque não observam o chamado custo de oportunidade. O capítulo A Janela Quebrada é muito conhecido e expõe por que é falso que uma janela quebrada possa fazer a economia girar uma vez que dinheiro é dado a quem conserta a janela.

A tradução que li do livro é o desta da foto acima, que a Amazon me avisa pertencer à editora Libertas. Parecem haver duas editoras chamada Libertas, de forma que não consigo nem ao menos citar adequadamente a referência bibliográfica. Obras caras a libertários talvez devam circular assim mesmo, de forma anárquica. Como tenho poucas informações do livro, se foi traduzido de uma versão de francês modernizado ou mesmo do inglês, não posso ter certeza se a linguagem me pareceu excessivamente simplória por defeito do didatismo do original ou da tradução. De toda forma, sempre me surpreendo de como a obra é bem recebida entre alguns jovens, que dizem nunca terem passado pra pensar nas ideias que o livro propõe, a de que cada coisa que o Estado provê nos retira algo que poderíamos ter feito e ganho nós próprios.

Nada que Bastiat fala é inédito – certamente o foi em sua época. Que seja considerado revolucionário nos dias de hoje, no Brasil, mostra como a normalidade é que o Estado interfira em nossas vidas, regule nossa economia e diga como nosso dinheiro deva ser empregado. Por isso, de fato, ler Bastiat e Mises é importante.

Abaixo algumas melhores partes com comentários. Mas o livro é tão baratinho na versão ebook Kindle, tem tão poucas páginas, que realmente vale a pena o ler, o que você fará numa sentada.

 

“Nossos adversários consideram que uma atividade que não é auxiliada por suprimentos nem regulada pelo governo é uma atividade destruída. Nós pensamos exatamente o contrário. Sua fé está no legislador, não na humanidade; o nosso está na humanidade, não no legislador.” (posição 266 Kindle)

– De muitas formas tivemos provas de que o mercado não funciona, e de muitas formas ele não funciona porque achamos que o que temos é o livre-mercado. Não é.

“Quando impostos são objeto de discussão, senhores, vocês devem provar sua utilidade por razões a partir da raiz da questão, mas não por esta afirmação infeliz – “As despesas públicas apoiam as classes trabalhadoras”. Essa afirmação oculta o fato importante de que as despesas públicas sempre substituem as despesas privadas e que, portanto, trazemos subsistência a um operário em vez de outro, mas nada acrescenta à parcela da classe trabalhadora como um todo.” (posição 322 Kindle)

– A Lei de Responsabilidade Fiscal foi um bom instituto pras pessoas entenderem que não se cria uma despesa pública sem que ela cause prejuízo a alguém. O falecido e querido Ricardo Boechat tinha até um bordão pra isso nas manhãs do Jornal da Band: “de onde vem o dinheiro?!”. Muito poucas despesas realmente impactam pra melhor a vida dos mais pobres.

“Foi na época da escassez, em 1847, que as escolas socialistas tentaram e conseguiram popularizar sua teoria fatal. Eles sabiam muito bem que as noções mais absurdas sempre têm uma chance com as pessoas que estão sofrendo; malesuada fames.

“Portanto, com a ajuda das belas palavras, ´tráfico de homens por homens, especulação sobre fome, monopólio´, eles começaram a enegrecer o comércio e lançar um véu sobre seus benefícios.” (posição 395 Kindle)

– Épocas de escassez sempre dão espaço a medidas irracionais.

“O que queremos com um socialista então que, sob pretexto de organizar para nós, vem despoticamente para romper nossos arranjos voluntários, para verificar a divisão do trabalho, para substituir esforços isolados por esforço combinado e para devolver a civilização?” (posição 484 Kindle)

– Socialista, social-democrata, tanto faz. Quando o Estado acha que deve regular o Uber, ele vem interferir em nossos arranjos voluntários. Ou seja, ele fere nossa liberdade.

” ´O que é uma lei?´disse ele para si mesmo. ´É uma medida para a qual, quando uma vez decretada, seja boa ou má, todo mundo é obrigado a conformar-se. Para a execução da mesma uma força pública é organizada e para constituir a dita força pública, homens e dinheiro são retirados da Nação.” (posição 514 Kindle)

– Se realmente entendêssemos os custos envolvidos em aprovação de leis e do trabalho legislativo, ficaríamos com vergonha de pleitear que dinheiro público fosse mobilizado pra batizar nomes de ruas, prestar homenagens ou criar datas comemorativas.

Escrito por Mayra Corrêa e Castro (C) 2020

(Se compartilhar, por favor, cite a fonte. É algo simpático e eu fico agradecida.)

BASTIAT, Frédéric. O que se vê e o que não se vê. Libertas editora. Edição do Kindle.

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