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Repelente com óleos essenciais

Postado às 17:15 do dia 23/02/24
A imagem traz apenas um texto, que está no corpo desta postagem, além do desenho da janela aberta com floreira, que é o logotipo da Casa Máy, e o site www.casamay.com.br

Desde sua fundação, há 15 anos, a Casa Máy NÃO recomenda uso de óleos essenciais na pele como substitutos a repelentes registrados na ANVISA.

Por mais que haja estudos mostrando o potencial repelente de certos OEs, a eficácia e segurança em situação real depende de fatores que talvez sejam difíceis de ser alcançados no uso artesanal de OEs.

Aqui recomendamos o uso de repelentes registrados na ANVISA, que passaram por testes de eficácia e de tolerância cutânea, sobretudo em situação de risco de doenças como dengue e outras transmitidas pelo mosquitos Aedes.

Aqui estão alguns problemas de formulações artesanais com OEs pra repeltir mosquitos:

  • qual a concentração eficaz da formulação feita em casa?
  • por quanto tempo a concentração usada funciona e quando deve ser reaplicada?
  • qual o limite da tolerância cutânea a estas reaplicações? E com bebês, com crianças, com gestantes/lactantes?
  • quais espécies de mosquito exatamente a formulação feita em casa repele?
  • o carreador usado garante que o OE seja espalhado uniformemente pela pele?
  • o carreador usado é neutro, piora ou melhora a repelência do OE?
  • a formulação performa bem no ar úmido, no ar seco, a 22ºC, a 35ºC?
  • a combinação dos OEs da fórmula com os ácidos da pele é neutra, melhora ou piora a capacidade repelente da formulação?

Embora haja alguns ensaios de braço-na-gaiola (arm-in-cage) com OEs pra se testar a repelência, eles têm problemas pra serem extrapolados em formulações caseiras, inclusive pra se extrapolar seus resultados em situações reais:

  • quando ocorre boa repelência, as doses de OEs estão acima dos 10%, muitas vezes mais e até mesmo 100%;
  • a repelência cai pra abaixo de 95% depois de 30 minutos, o que obrigaria a reaplicação do repelente;
  • os estudos de repelência não são seguidos de estudos de tolerância cutânea em situação de reaplicação.

Assim, o problema do repelente caseiro que se baseia neste tipo de evidência é que ou ele repele, mas ferra a pele; ou ele não ferra a pele mas tampouco repele; ou ele repele sem ferrar a pele mas apenas por 30 minutos e se usado uma única vez.

Entendo que o custo de repelentes “anvisados” seja poibitivo pra população carente do Brasil. Mas se esta mesma população tivesse dinheiro pra comprar OEs pra fazer seu próprio repelente, também teria pra comprar um repelente de farmácia, pois os OEs são caros.

Um repelente acessível seria feito com tinturas de plantas in natura. Infelizmente, sua eficácia tem sido ainda menor que aqueles com OEs, embora também possam ser mais bem tolerados pela pele no caso de reaplicações.

Este estudo “Repellent efficacy of 20 essential oils on Aedes aegypti mosquitoes and Ixodes scapularis ticks in contact-repellency assays” (link) relatou que 10% de OE de cravo e de canela provém mais de 1 h de proteção (não chega a 3h). Pergunta: passaria no teste de tolerância cutânea pra uso repetido?

Este estudo “Repellent Screening of Selected Plant Essential Oils Against Dengue Fever Mosquitoes Using Behavior Bioassays” (link) mostrou eficacia acima de 120 min a partir de 10% em ÁLCOOL. Passaria no teste de tolerância cutânea em uso comum? Já vimos o que causa à pele o álcool gel, vamos de novo usar álcool gel agora no corpo?

Este estudo “Effectiveness of Herbal Essential Oils as Single and Combined Repellents against Aedes aegypti, Anopheles dirus and Culex quinquefasciatus (Diptera: Culicidae)” (link) testou os OEs a 100%. Passaria no teste de tolerância cutânea repetida? Fácil de ser aplicado em grandes extensões de pele?

Acho muito irresponsável aromaterapeutas recomendarem indicações caseiras de repelentes em suas redes sociais, que podem alcançar centenas de milhares de pessoas, em uma situação como a que vivemos hoje no país, de epidemia de dengue, quando não se sabe como as pessoas lidarão com esta informação e, sobretudo, sabendo que temos repelentes com eficácia e segurança comprovada.

O fato de eu ver problemas de evidências que corroborem o uso destes repelentes não significa que não haja nenhuma boa evidência pra corroborar o uso de OEs em outras situações. Quem acha que significa é vítima de atalho cognitivo pra sua própria dificuldade de lidar com a incerteza e com os próprios medos de não poder controlar tudo com aromaterapia.

Pense nisto!

Beijo de cheiro, Mayra.

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