A aromaterapia é naturalmente holística?

Se a aromaterapia é naturalmente holística? A resposta é não.

Em primeiro lugar, ela não nasceu holística: ela basicamente nasceu como uma opção natural para ação farmacológica em infecções (Gattefossé, Hall, Valnet).

Ela se tornou holística nas mãos da enfermeira Maury.

Uma geração depois, embora ela tenha se mantido fortemente ancorada no escrutínio das ações farmacológicas dos OEs (Franchomme, Pénoël, Valllois, Baudoux, Durrafourd), o olhar para o todo (corpo, mente e espírito) foi mantido por nomes como Festy, Mailhebiau, Tisserand, Price, Worwood, Faucon).

E hoje, como estamos?

Em nossa opinião, a aromaterapia holística está sob constante ameaça pelo uso cada vez mais alopático dos OEs, impulsionado pela ambição cientificista, que mecaniza até mesmo a espiritualidade, colocando-a na ordem de quesitos necessários à saúde e não mais dentro de um impulso humano identificado desde os primórdios em nossa espécie.

O holismo não é privilégio das medicinas vitalistas (MTC, Ayurveda, Antroposofia), posto que a biomedicina também é capaz de unir todas as dimensões humanas da vida e olhar o doente como um todo, sem o fatiar em sistemas corporais e em sintomas. Entretanto, ser atenciosa, carinhosa não torna nenhuma medicina holística. O holismo não está em dar mais ou menos atenção em uma consulta – isto tem a ver com respeito e só. O holismo está em uma forma de enxergar as dimensões física, emocional e espiritual interligadas e não apenas interligadas por um sistema nervoso!

Então, com este entendimento, podemos dizer que não apenas não é natural o holismo na aromaterapia como pra o ser precisamos nos esforçar diária e diuturnamente. Ou apenas colocaremos os OEs no mundo pra repetir o que já tem sido feito com as demais ferramentas terapêuticas inovadoras, que acabaram por se moldar ao modo fragmentado de tratar a saúde humana depois de alguns séculos no Ocidente.

Beijo de cheiro, Mayra.