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Extrapolação de pesquisas científicas e por que isso prejudica a credibilidade da aromaterapia.

Postado às 13:46 do dia 08/03/21

Leia os enunciados abaixo, facilmente encontrados em posts de aromaterapia:
“O OE de breu é útil no emagrecimento.”
“O OE de coentro atua como quelante pra metais pesados.”
“O óleo de copaíba age sobre 9 tipos de câncer.”
“O OE de olíbano (frankincense) é antitumoral.”
“O OE de anis é tamiflu natural.”
“O OE de louro combate covid19.”

Normalmente, esses enunciados são acompanhados da citação de artigos científicos pra dar credibilidade à proposição. O problema é que, frequentemente, os artigos científicos não se referem a pesquisas feitas com o óleo essencial em si, ou se referem a pesquisas in vitro ou se referem a pesquisas feitas com cobaias. Isso sem contar o fato de que, inúmeras vezes, as pesquisas se referem a apenas uma das dezenas de moléculas que aparecem num OE. Sua aplicabilidade no tratamento de humanos, portanto, é bem limitada.

No caso do breu, a molécula estudada pra emagrecimento, in vitro, é a a- e a b-amirina, um triterpeno que NÃO está no OE.
No caso do coentro, o estudo foi feito com o extrato etanólico, uma substância DIFERENTE do OE.
No caso da copaíba, o estudo foi feito com o sesteterpeno hyrtiosal, que NÃO existe na copaíba, mas é sintetizado em laboratório a partir do ácido copálico (este, sim, existente na oleorresina de copaíba).
No caso do olíbano, a substância testada foi o triterpeno ácido boswellico, que NÃO existe no OE.
No caso do anis, o tamiflu é um princípio-ativo sintetizado a partir do ácido chiquímico, isolado da planta anis, que NÃO existe no OE.No caso do louro, a substância que foi testada, in vitro, pra Sars-Cov-1 (o 1!) foi o OE da fruta do loureiro, que possui uma composição diferente do OE.

Quando se extrapolam pesquisas científicas, não apenas se compromete a credibilidade da aromaterapia, como se coloca em risco a saúde das pessoas que, não alfabetizadas em epistemologia, são levadas a crer em falsas curas. Isto é o que chamamos aqui na Casa Máy de “sci washing” (em alusão ao green washing), que é quando um verniz de ciência (science, em inglês) é dado de forma inadequada na divulgação de alegações terapêuticas.

Fique atento ao sci washing. Ninguém lê artigo científico, mas todo mundo adora citá-los.

Beijos de cheiro, Mayra.

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