O marketing do pranayama

Postado às 15:49 do dia 31/07/17

Não dá pra viver sem marketing. Mas dá pra criar um marketing responsável. Há 15 anos atrás eu deixava o mundo corporativo pra abrir uma escola de yoga, que há 10 se tornou a atual Casa Máy. Continuo fazendo marketing, mas antes de toda ação eu penso: como eu me sentiria se recebesse esta propaganda? este post? se eu fosse o alvo desta estratégia?

pranayama foda-se

Duas coisas eu aprendi vendo o yoga se popularizar no Brasil, e depois vendo a aromaterapia se popularizar no Brasil: 1) as pessoas são carentes, e 2) pessoas carentes se aproveitam da carência de outras pessoas.

Muito do que o marketing digital entrega hoje é isso: preenchimento de carência. Como saber se estão manipulando nossa carência? Difícil, porque a manipulação usa aquilo que a gente tem de melhor dentro da gente, que é a vontade de fazer o bem, de viver num mundo melhor. Então, descobri algo muito simples, que os anos ensinando yoga me mostraram: respirar devagar é mais importante que fazer posturas. É possível se desconectar por completo num asana, mas nunca num pranayama. E a desconexão traz ansiedade. Assim, toda vez que eu leio um anúncio que me gere ansiedade, me afasto, porque lá haverá alguém querendo me colocar dentro uma postura, em vez de me mostrar como se respirar.

Nenhum marketing do bem pode gerar ansiedade. Se estiver, está errado. Às vezes não é a qualidade da mensagem, mas a quantidade; mas quase sempre é a qualidade.

Às vezes, o marketing da ansiedade paga as contas numa casa, mas depaupera outra. É um balanço extremamente difícil este, marketear equilibrando meios e finalidades.

Mas estou disposta. Ah, se estou, porque já vi alunos se arrebentarem em asanas, mas nunca vi nenhum se arrebentar por ter aprendido a respirar.

 

Escrito por Mayra Corrêa e Castro (R) 2017

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