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A questão carioca, curitibana e paulistana do bar da piscina.

Postado às 02:12 do dia 21/02/12

Dizem que todo carioca é igual. Numa caricatura, estão sempre falando palavrão pra cara%$&, arrumando algum ischquema e prontos pra cair no samba, no samba, no sambá.

Quem fala isso de carioca nunca deve ter visto um curitibano de perto. Se viu, com certeza não cumprimentou. Se cumprimentou, indubitavelmente conversa não teve.

Pré-conceitos são um saco, mas servem para prever como as pessoas reagiriam frente a um problema.

Neste domingo de Carnaval, por exemplo, tivemos um problema no clube: fazia um solzaço sobre nossa cachola, a piscina estava lotada, não existia nenhum guarda-sol fechado, nenhuma cadeira desocupada e a criançada toda brincava no toboagua. Domingo perfeito de verão, exceto que o bar da piscina estava fechado.

De repente, ao meu lado, um sujeito teve uma típica reação carioca:

– Cara&¨% de clube! Cheio de regrasch pra sóciosch e deixa eschtesch carasch do bar folgarem na po##& do feriado de Carnaval! Presidente de mer&*, devia tá aqui cuidando e deve eschtar lá na praia coçando a po$%% do saco dele!

A questão toda com este sujeito não é que ele não podia comprar uma cerveja pra tomar na piscina. Ele podia; era só ir até a lanchonete do clube. A “questã” é que, para ir até lá, ele precisaria se vestir. Como não era permitido circular fora da piscina em trajes de banho, ele estava louco da vida de ter que vestir “shorts”, camiseta e chinelo pra comprar uma cerveja “que deveria eschtar sendo vendida ali no bar da piscina maisch não eschtá!”

Aqui é que os preconceitos ajudariam muito ao carioca. Se ele tivesse parado pra pensar, perceberia que, apesar dos inéditos 30 graus, estava em solo curitibano. Apesar de ser Carnaval, estava num clube curitibano. E apesar de estar na piscina, ele estava na piscina de um clube curitibano com mais de cem anos de história. Se o carioca tivesse captado tudo isso, não teria ficado aborrecido ao ponto de xingar o presidente do clube, sua mãe e a mãe da mãe dele.

Ele teria percebido que, em Curitiba, não se sai de maiô pra fora da piscina. Isto não é normal. Não é normal andar de chinelo em shopping. Não é normal colocar bermuda pra sair à noite. Não é normal esperar no ponto de ônibus sem camisa. Não é normal ficar só de sunga por aí. Será que ele não entendeu por que o oil man virou uma celebridade local?

No final das contas, o funcionário do bar da piscina apareceu. Já era bem pra mais do horário do almoço, mas apareceu. O carioca pôde tomar sua cerveja e o curitibano não precisou encarar sua sunga.

Agora, você me pergunta, a mim, o que eu achei de toda esta história?

Olha, meu; eu penso que ali havia uma boa oportunidade de ganhar dinheiro. Se eu fosse o dono da lanchonete já implantava um sistema de delivery na piscina. Se eu fosse o presidente do clube já deixava sempre uns roupões à venda nos vestiários. E se eu fosse um investidor já tentaria pegar o ponto do bar da piscina pra mim.

Você sabe, pauli$tano é tudo igual..

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