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Floriografia – Jessica Roux

Postado às 18:38 do dia 26/01/25

A primeira coisa que precisa ficar clara sobre o subtítulo deste livro – A linguagem secreta das flores – é que ele aponta para um tipo específico de segredo: não aquele da tradição hermética ou esotérica, mas um tipo de código na arte da galanteria e da comunicação em sociedade desenvolvida ao longo dos século XIX ao qual se dá o nome de floriografia.

Há muitos livros publicados sobre o assunto, inclusive um sobre esses códigos no Rio de Janeiro. Os significados das flores, nessa tradição, podem ser bem diferentes daqueles que estudamos dentro da aromaterapia. Dois exemplos seriam os que a autora e ilustradora deste belo livro publicado pela Darkside, Jessica Roux, traz sobre a lavanda e o manjericão: aquela como símbolo da desconfiança, porque a planta cresce em terrenos habitados por víboras (o gênero spicata deve seu nome a este fato), e este como símbolo do ódio (ódio, o manjericão como símbolo do ódio, acredite) em função de suas folhas crescerem em um formato que lembraria a mandíbula aberta do basilisco.

Como Jessica adverte na introdução a seu livro, a linguagem vitoriana das flores surgiu com a publicação, em 1819, do livro Le langage des fleurs, de Charlotte de la Tour. Este parece ser o pseudônimo de Louise Cortambert. Seja como for, o livro foi reimpresso inúmeras vezes, sendo mesmo reeditado, quando ganhou novas páginas. O livro de la Tour divide as flores em estações e traz um dicionário ao final com emblemas pra cada uma delas, facilitando a consulta de seu simbolismo, algo que Jessica também fez.

Esta edição traduzida para o Brasil vem pelo selo editorial Magicae, da Darkside, especializado em “saberes ancestrais, magia e o oculto”. Um livro com a Doutrina das Assinaturas talvez fosse mais apropriado ao tema, mas não deixa de ser muito bacana termos acesso a uma obra como esta, com boas ilustrações botânicas, capa dura e um miolo caprichado. A crítica, que é quase sempre inevitável quando livros que envolvem botânica são traduzidos, recai sobre a escolha de nomes comuns de algumas espécies. Por exemplo, o tanaceto-comum acabou sendo traduzido como atanásia; o snowdrops (Galanthus) como fura-neve, sendo que câmpanulas-de-neve ou campo-de-neve fosse mais comum, e o jacinto-dos-campos, que acaba sendo mais conhecido aqui por seu nome em inglês, bluebell. Por outro lado, o nome botânico da flor-de-laranjeira utilizado foi Citrus sinensis, quando me parece que Citrus aurantium seria mais adequado. Curiosamente, o alecrim já veio atualizado como Salvia rosmarinus, algo que os americanos adotaram rapidamente, pois me parece que o Missouri Botanical Garden foi bem efetivo em divulgar a reclassificação do Rosmarinus officinalis em seu país.

Como este livro traz muito pouco texto, nesta resenha ficarei devendo citações. É um livro mais belo que instrutivo, que você lerá em no máximo 1 hora, mas que poderá consultar muitas vezes depois, seja pra admirar as imagens, seja pra achar alguma coisa bacana pra dizer sobre as flores.

Escrito por Mayra Corrêa e Castro (C) 2025

ROUX, Jessica. Floriografia: a linguagem secreta das flores. Tradução: Aline Zouvi. Rio de Janeiro: Darkside Book, 2024.

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