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Aromaterapia e as emoções – Shirley Price

Postado às 19:49 do dia 29/05/12

Um grande clássico da aromaterapia, escrito em 2000 e publicado no país pela primeira vez em 2006 pela Bertrand Brasil, Aromaterapia e as Emoções é hoje um livro esgotado e difícil de ser encontrado até mesmo na Estante Virtual.


A empresa Shirley Price Aromatherapy foi fundada em 1974 por Shirley e seu marido Len. Tornou-se uma das maiores do mundo na comercialização de óleos essenciais puros orgânicos, além de ter se tornado um importante centro de formação de aromaterapeutas. Em 1998, Shirley resolveu se aposentar e vendeu seu negócio, que hoje não tem mais nada a ver com ela, exceto pelo uso de seu nome. Mas a filha de Shirley, Penny Price, tendo crescido à volta da empresa da mãe e já atuando na escola dela desde 1986, resolveu fundar sua própria empresa, a Penny Price Aromatherapy, em maio de 2003. A Penny Price Aromatherapy é, hoje, a verdadeira herdeira dos ensinamentos e tradição em aromaterapia de Shirley Price.
Este livro é apenas um entre os muitos que Shirley escreveu. É um livro bem, bem interessante, porque ensina ao aromaterapeuta o diagnóstico aromaterápico e a prescrever os óleos essenciais no tratamento de desequilíbrios emocionais de acordo com os princípios-ativos que eles possuem e que estão mais comumente relacionados à atuação na esfera do corpo físico. Além disso, traz conceitos de uma tal de psiconeuroimunologia (PNI), uma ciência nova que trata da interação entre o estado emocional e nossa saúde. Vale a pena ler, reler, anotar. Aqui vão as melhores partes que selecionei pra você.

Emoções
“Torna-se muito diícil estabelecer qualquer conceito absoluto para as emoções. Por isso, espero que você entenda o fato de que a minha interpretação de algo tão intangível e delicado, como é a emoção, poderá não ser igual à das outras pessoas; de qualquer forma, o melhor é que você não se esqueça disso quando estiver lendo este livro.” (p. 11)
– Um das birras da classe médica com terapeutas é uma certa imprecisão de termos e conceitos utilizados. Mas, no caso de emoção, a menos que você esteja escrevendo um livro em conjunto com um neurocientista, um psicólogo, um biólogo, um filósofo, um sociólogo, um antropólogo e um físico quântico, você não conseguirá definir o que é emoção.
“O ato de acreditar e confiar em Deus, o Criador Divino, em algum Ser Superior, ou em qualquer Força Universal (na minha opinião, os três últimos são simplesmente outros nomes para Deus), também opera uma diferença no comportamento e, por consequência, nas experiências emocionais.” (p. 17)
“Por experiência, creio que a vida é sempre mais rica e especial, quando se segue um código moral. Contudo, ninguém precisa ser ‘religioso’ para que na sua vida esteja incluída a considerações pelos outros, embora as religiões mais conhecidas (islamismo, budismo, judaísmo, cristianismo) proponham um estilo de vida que pode ser benéfico tanto para quem o exerce como para aqueles que o circundam.” (p. 17)
– Por que Shirley fala disso neste livro? Bem, ela precisa mostrar às pessoas que sem incluir a dimensão espiritual na vida não dá. Ela quer dizer que indivíduos ligados a algum tipo de crença que envolva o Amor tendem a nutrir mais emoções positivas que negativas. Não é chover no molhado. Na prática de consultório, muitos aromaterapeutas se deparam com clientes a quem falta fé no Amor.
“ ‘Todo homem é culpado do bem que ele não fez.’ – Voltaire” (p. 195)
– Trago a citação com que Shirley abre o capítulo Culpa porque a acho genial. É o mesmo princípio daquela frase que nós, vegetarianos, usamos quando queremos explicar porque faz diferença, sim, apenas você parar de comer carne enquanto a humanidade não para. Acho que a frase é mais ou menos assim: o silêncio não favorece a vítima, mas o algoz. E ainda outra, que me parece ser algo como: não me preocupa o pouco que eu faço, mas o pouco que muitos não fazem.

Aromaterapia
“A aromaterapia é então a utilização controlada e consciente dos óleos essenciais da plantas, com o objetivo de prover saúde e bem-estar à totalidade do indivíduo, isto é, ao conjunto formado por corpo, mente e espírito.” (p. 11)
– Como Fabian Laszlo ensina, a aromaterapia é a terapia do Terceiro Milênio, porque abarca as três esferas do ser: a física, a psicológica e a espiritual.
“Aliás, devo lembrar que, quando o aroma de um óleo essencial (ou de uma mistura de óleos essenciais) é realmente do seu agrado, certamente preservará as emoções positivas que vierem a ser vivenciadas por você.” (p. 22)
– Supersticiosos de plantão, anotem esta frase no caderninho. Não existe óleo errado, tá bem? Em se tratando de psicoaromaterapia, existem apenas óleos menos certos.
“Mesmo porque uma vida feliz e mais saudável deveria ser o principal objetivo de todos, e isso só é possível com o amor, com pensamentos positivos […] e com óleos essenciais.” (grifo meu, p. 38)
– Concordo, concordo, concordo! E aos mau-amados, digo: a gente não usa óleo essencial como uma muleta. Como poderia ser a Natureza uma muleta se ela é a própria fonte de tudo?
“Já se chamou o sistema límbico de rinencéfalo e também de ‘cheiro do cérebro’; pelo fato de nele serem guardadas as memórias passadas, os aromas têm sido utilizados com sucesso na estimulação das mentes que sofrem de amnésia (Price, 1991).” (p. 61)
– Cacilda, né?
“Quando a aromaterapia surgiu na Inglaterra, o seu principal objetivo – talvez até alguns possam dizer o único – era o tratamento do estresse. No entanto, embora nenhuma reivindicação fosse feita para o tratamento de outras condições específicas de saúde, o fato é que os terapueutas passaram a tratar de forma indireta alguns outros sintomas também presentes nos pacientes que sofriam de estresse, mesmo porque a aromaterapia é uma disciplina holística.” (p. 109)
– A asserção de Shirley Price não é um achismo. Shirley faz parte de um seleto grupo, junto com Robert Tisserand, Maggie Tisserand e outros, que viram a aromaterapia florescer na Inglaterra. Já na França, como aprendemos na formação do IBRA, a aromaterapia nasceu vinculada ao tratamento médico. Hoje as coisas estão misturadas, mas ainda podemos falar em escola inglesa e escola francesa de aromaterapia; aquela lidando mais com as emoções e esta mais com a saúde física.
“ […] pois o aroma de um óleo pode ser apreciado por duas pessoas, sem que necessariamente ajude a ambas.” (p. 210)
– Grifei a frase durante a leitura nem tanto pelo ensinamento, que é meio óbvio, quanto por ela estar bem construída. Mas aproveito a deixa para lembrar que não é automático acharmos que, porque uma pessoa detesta um aroma, é justamente dele que ela mais precisaria.
“Os óleos essenciais são poderosas substâncias curativas capazes de nos ajudar nos períodos mais problemáticos de nossas vidas.” (p. 217)
– E não é mesmo? Quanta gratidão eu devo à lavanda francesa, à camomila-romana, à rosa, ao ylang-ylang, à hortelã-pimenta, ao limão, ao tea tree, à ravensara aromática, ao cipreste, ao tomilho linalol, ao capim-cidreira, ao gengibre, à canela e ao gerânio!

Inalação
“No início dos anos 20, os cientistas Gatti e Cayola (1923) observaram os efeitos terapêuticos dos óleos essenciais e concluíram que tanto a ação sedativa como a estimulante eram obtidas mais facilmente pela inalação do que pela ingestão.” (p. 59)
– Se você não é da área, há duas informações relevantes aqui: primeira, os óleos essenciais podem ser ingeridos. Uau! Você não sabia? Pois é. Mas não vá fazê-lo por conta própria, tá bem?; segunda, não menospreze o poder da inalação. Reconto uma história que meus alunos já ouviram mais de uma vez. Um pouco depois de tomar contato com a aromatologia, entrei na pira da ingestão – como todo aluno, aliás, entra. De repente, ingerir óleos essenciais (aqueles que podem ser ingeridos, hein?!) era uma panaceia, a chave da minha felicidade eterna. Então tive dúvidas sobre um caso em particular e perguntei no Grupo de Estudos do IBRA que óleo essencial seria mais indicado para se ingerir naquela situação. Existe um terapeuta neste grupo, o Ary, que é um grande conhecedor de aromaterapia, além de ser versado em MTC. Pois ele me passou uma terapêutica e acrescentou ao final da mensagem: “Mayra, você pode indicar a ingestão, mas nunca menospreze o poder de uma boa massagem.” Daquele dia em diante, minha relação com as técnicas da aromaterapia mudaram profundamente, porque o conselho dele me despertou para o lado sutil dos óleos essenciais e para o fato de nosso olfato operar milagres!
“O número de moléculas que chegam ao cérebro depende do quão profundamente respiramos.” (p. 62)
– Não parece óbvio? Mas quem se lembra disso? Uma das maneiras mais eficazes com que pude experimentar o uso dos óleos essenciais foi em associação com técnicas yogis de respiração. Acho que o fato da respiração estar sendo feita mais profundamente e do fato dos nervos estarem relaxados potencializa a coisa toda.

Propriedades terapêuticas
“No Nível Alfa, capacitamo-nos a obter saúde física e mental, o bem-estar em geral e ainda os objetivos que traçamos para a nossa vida, além  de adquirirmos uma impressão mais positiva sobre a saúde e o bem-estar das outras pessoas.” (p. 92)
– Existe um livro de Swami Satyananda, chamado Yoga Nidra, onde ele fala longamente sobre como os níveis de ondas mentais interferem em nosso estado de saúde. Toda a técnica do Yoga Nidra consiste em procurar manter este nível em alfa, de modo que as visualizações positivas desta técnica yogi possam atuar em nosso benefício. Um dos modos mais profícuos que obtive na condução do Yoga Nidra junto aos meus alunos foi associar a técnica à inalação de certos óleos essenciais relaxantes. Não apenas os alunos conseguiam entrar num estado de relaxamento mais rápido, como me reportavam maior aproveitamento da técnica do que sem o uso da aromaterapia. Veja quais óleos Shirley Price cita como indutores de níveis alfa na mente:
“ Mas a pesquisa citada acima [Steele, J., 1984 e Torii, S. e outros, 1988] também confirma que os óleos essenciais sedativos – tais como o da camomila romana, laranja, bergamota, lavanda e melissa – podem ser usados para induzir o cérebro a entrar no Nível Alfa, e com isso os pensamentos positivos acabam sendo assimilados com mais facilidade, assim como é criado um campo muito mais propício para imagens e visualizações.” (p. 92)
– Nas páginas anteriores, Shirley menciona, destes estudos, outros achados, a saber: que manjericão, alecrim, pimenta-do-reino e cardamomo induzem onda do tipo Beta; os absolutos de néroli, jasmim e rosa induzem o tipo Alfa e até mesmo Teta; a lavanda é sedativa; o jasmim é estimulante; o gerânio e o pau-rosa são ambos.
“Não me veio então outro modo de demonstrar a forma pela qual os óleos essenciais são capazes de afetar as emoções, senão o de aplicar os mesmos princípios a eles atribuídos na ajuda dos problemas físicos.” (p. 111)
– Atenção, porque aqui vem o cerne da metodologia Shirley Price. Ela continua no mesmo parágrafo:
“Assim, baseando-me no fato de que a mente exerce um tremendo efeito sobre o corpo – e que alguns óleos essenciais mostram-se eficientes no auxílio ao relaxamento, enquanto outros elevam o ânimo –, concluí que seria razoável supor que os óleos analgésicos poderiam também aliviar a dor do sofrimento, assim como os antiinflamatórios atenuariam a exaltação da raiva, e assim por diante.” (p. 111)
– Todo o restante do livro são tabelas de propriedades terapêuticas relacionadas às emoções que melhor fariam correspondência com o que estas propriedades tratam. O livro também traz casos clínicos que demonstram como os óleos essenciais podem ser usados. Eu não vou, neste comentário, elencar estas tabelas, porque senão você não compraria o livro – e eu acho que autores e editores devem ganhar a parte que lhes cabe.
“ ‘Ainda bem que o alecrim existe, pois ele é ótimo para a memória.’ (Hamlet)” (p. 223)
– Preciso sacar minha versão de Hamlet para ver se a frase é do Hamlet de Shakespeare mesmo!
“ ‘Ela [a camomila-romana] é de grande valia para todas as formas de calafrios, quer sejam estes provocados por fleuma ou melancolia; além disso dissipa o cansaço e conforta a cabeça tanto quanto os miolos do cérebro.’ – Culpeper (1616-1654)” (p. 228)
“ ‘Suas pinhas ou frutos [do cipreste europeu] (…) são bons para estancar todas as formas de fluxos, tais como hemorragia, diarreia, disenteria, fluxo menstrual desmedido e micção involuntária, e ainda previnem o sangramento das gengivas e perda dos dentes.’ – Culpeper, Complete Herbal, pág. 110” (p. 231)
– Eu só trouxe estas citações de Culpeper para mostrar como autores MODERNOS ainda o citam! Ninguém acredita que Culpeper ainda possa ser uma referência nos trabalhos atuais de aromaterapia; afinal, o cara viveu no século XVII. Mas estão aqui duas citações de Culpeper que Shirley traz em seu livro escrito no século XXI.

Doença
“Embora todas as doenças possam ser curadas, o mesmo não ocorre com todos os pacientes.” (p. 46)
– Isto não é uma desculpa para “aromaterapia não funciona”, isto é uma verdade.
“A medicina psicossomática (mente/corpo) prioriza a mente para depois estender-se ao corpo […] Segundo ela, tudo aquilo em que acreditamos torna-se a biologia no nosso corpo; eis por que a mente do sofredor acaba criando o seu próprio cenário de infelicidade e dor. Portanto, os nossos pensamentos e as nossas emoções (e, consequentemente, as nossas palavras) são os fatores que determinam a decisão das células de nosso corpo para tomar a via da saúde ou da doença.” (p. 83)
– Olha, eu não sou uma evangélica da psicossomática, porque acredito que a matéria-prima do corpo – aquilo que comemos, respiramos e descartamos e nosso DNA – têm um papel fundamental. Mas concordo que a cura vem de dentro pra fora e que a nossa cabeça realmente manda nas coisas, nem que seja na opção besta de comer errado.
“A psiconeuroimunologia é uma ciência que nos faz entender que de alguma forma ‘nós somos aquilo que pensamos’, porque nos prova que as emoções e pensamentos negativos são feridas auto-infligidas que abalam efetivamente o sistema imunológico, pois tornam o corpo vulnerável a uma vasta gama de processos doentios. Essa ciência nos deixa bastante claro que o nosso sistema imunológico encontra-se sob a  influência das nossas experiências mentais e emocionais, das quais nós mesmos somos o leme.” (p. 85)
– Uma grande dúvida que tenho, e que não pude ainda equacionar apesar das leituras que faço, é a seguinte: dado que Freud mostrou que não somos o leme de porcaria nenhuma, que parte exatamente está pensando e nos fazendo mal: a consciente, a inconsciente, a que está no campo de ponto zero? Aquela que eu conheço quando acordo de manhã ou aquela que me habita quando estou dormindo? Qual parte?
“Na minha opinião, o ciúme pode ser comparado a um fungo ou a qualquer vírus que nos ataca, ou seja, algo do qual não precisamos nem queremos e que mesmo assim chega até nós […]” (p. 113)
– Não é uma ideia muito inspirada comparar o ciúme a um fungo? Outra associação feliz que Shirley faz em seu livro é de comparar a culpa ao catarro e, por consequência, tratá-la com óleos essenciais expectorantes e mucolíticos.
“Ninguém deve ter vergonha do seu medo, porque precisamos reconhecer que essa emoção faz parte de nossa natureza, e só assim lidaremos com ela de um modo que não prejudique a nossa saúde.” (p. 181)
– Esta afirmação bate com a teoria de Debbie Ford, em seu livro O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz, de que devemos incorporar a sombra ao invés de afastá-la. Aliás, muito bom livro. Comentei sobre ele também.

revisto por Mayra Corrêa e Castro ® (2012)

 

PRICE, Shirley. Aromaterapia e as emoções: como usar óleos essenciais para equilibrar o corpo e a mente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006, 2ª edição.

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