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A ideia da fenomenologia: cinco lições – Edmund Husserl

Postado às 11:45 do dia 27/10/24

A fenomenologia aparece na fala de muitas coisas interessantes: na psiquiatria, na psicologia, na educação, na arquitetura, na observação botânica para citar alguns campos onde esta metodologia tem sido aplicada. Em uma explicação simplória, trata-se de um método para se chegar à essência dos fenômenos: a chamada redução fenomenológica. Talvez seja mais fácil compreender a aplicação da fenomenologia naquelas áreas do conhecimento citadas que ler a obra dos filósofos que a desenvolveram (Husserl, Scheler e Heidegger).

A Ideia da Fenomenologia, de Edmund Husserl (1859-19838), vem com introdução do filósofo Paul Janssen (1934-2017), que publicou diversas obras sobre a fenomenologia, o que contribuiu para a compreensão deste título no itinerário de Husserl. Apesar desta contribuição, ler este texto é tarefa árdua. Selecionei algumas citações na esperança de voltar a elas para compreendê-las.

 

Os problemas

“Então, nós fomos guiados um pouco mais para as profundezas, e nas profundezas residem as obscuridades, e, nas obscuridades, os problemas.” (p. 65)

– Bem, esta citação não me ensinou nada sobre fenomenologia, exceto que ela deve ter encontrado um problemão.

“É o que o cético diz: o conhecimento é algo diferente do objeto conhecido.” (p. 140)

– E exatamente aí reside uma profundidade.

 

Definições

“Portanto, esses são os problemas da doação, os problemas da constituição de objetalidades de cada tipo no conhecimento. A fenomenologia do conhecimento é ciência dos fenômenos em sentido duplo, dos conhecimentos enquanto aparecimentos, apresentações, atos da consciência, em cujos atos estas ou aquelas objetalidades se apresentam, tornam-se conscientes, passiva ou ativamente, e, por outro lado, dessas objetalidades mesmas enquanto apresentando-se assim. A palavra ‘fenômeno’ é ambígua em virtude da correlação essencial entre apareceraparecente. Phainomenon quer propriamente dizer ‘o que aparece’, e, no entanto, é usado preferencialmente ao aparecer ele mesmo, ao fenômeno subjetivo (se está permitida essa expressão que leva a mal-entendidos de modo psicológico e grosseiro).” (p. 70)

– Um livro traduzido do alemão sempre nos vem com estas palavras novas, ainda que em filosofia, escrita na língua que for, isso seja corriqueiro. O ímpeto neologizante da filosofia só rivaliza mesmo com o da poesia, mas filosofia é poesia melancolizada.

“Em lições anteriores, eu fiz uma distinção entre ciência natural e filosófica; a primeira brota da atitude natural do espírito, a última, da atitude filosófica do espírito.

“A atitude natural do espírito ainda não se importa com a crítica do conhecimento.” (p. 73)

– Percebo que muitos debates em torno do pseudocientífico blá-blá-blá avançaria se fosse usada essa distinção entre ciência natural e ciência filosófica.

“Fenomenologia: isso designa uma ciência, uma conexão de disciplinas científicas; mas a fenomenologia designa igualmente e acima de tudo, um método e uma atitude do pensar: a atitude do pensar especificamente filosófica, o método especificamente filosófico.” (p. 79)

– Tenho raros conhecimentos em filosofia, mas para um filósofo afirmar que faz filosofia, algum mal entendido deve estar por trás.

 

Escrito por Mayra Corrêa e Castro (C) 2024

HUSSERL, Edmund. A ideia da fenomenologia: cinco lições. Tradução de Marloren Lopes Miranda. Petrópolis: Editora Veozes, 2020.

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