Casa Máy > As Melhores Partes - Posts > botânica > 50 plantas que mudaram o rumo da história – Bill Laws
Ler este livro é descortinar a motivação básica dos descaminhos da humanidade: comer. Ou falamos de comer com fome, ou falamos de comer com luxúria – ambos os modos provocaram guerras, falcatruas, biopirataria e, evidente!, lucros exorbitantes. Bill Laws, escritor e jornalista autor de mais de 15 livros curiosos – que vão desde a história das cinquenta rodovias que mais impactaram o desenvolvimento urbano até como se desenvolveu o estilo das casas em que vivemos – , escreveu este 50 plantas de forma muito bem-humorada pra provar que política e plantas estão complexamente intricadas. Com 125 mil cópias vendidas em 18 edições ao redor do mundo, o livro é um feito nas prateleiras, ao melhor estilo da vibe atual das histórias politicamente incorretas.
Começando no Agave e terminando no Gengibre, ficamos sabendo, por exemplo, que é muito lindo comprar camiseta de algodão, fibra natural coisa e tal; mas o algodão, além de ter sido, juntamente com o tabaco e o açúcar, uma das plantações mais escravagista do século XIX, também é aquela que mais recebe pesticidas na atualidade: 3% do solo cultivado no mundo é pro algodão, e ele, sozinho, consome 1/4 dos agrotóxicos. Punk, né? Então é assim, com pinta de quem vai contando um causo, que a gente percebe que é muito, mas muito difícil ser perfeito no mundo: escolhemos errado quando escolhemos certo e escolhemos certo quando escolhemos errado – sempre depende do ponto de vista.
O livro é bem produzinho também, colorido, cada planta com sua ilustração e nome botânicos correspondentes. Algumas citações famosas acerca delas, talvez umas duas ou três que o tradutor deva ter pinçado nos repertórios musical e poético brasileiros e, no final das contas, vale a pena comprar e ler. É o tipo da cultura inútil, sim, eu sei – mas é graças à cultura inútil que aprendemos a relativizar qualquer axioma – ou não saberíamos que a Cannabis sativa, tão almadiçoada quando fumada, pode ser a solução pra uma indústria papeleira menos poluente. Tá vendo? por essa você não esperava, hein?
revisto por Mayra Corrêa e Castro © 2014