A aromaterapia seria um tipo de paganismo contemporâneo?

A aromaterapia seria um tipo de paganismo contemporâneo?
Esta é uma discussão bem interessante. Paganismo contemporâneo ou neopaganismo é um movimento recente, sobretudo europeu, iniciado no séc. XIX, que tem como expressão práticas religiosas e uma espiritualidade que resgata religiosidades pré-cristãs e de civilizações antigas, como a grega e a céltica, por exemplo.

(Paganismo não é bruxaria, tá.)

Há dois preceitos norteadores no paganismo: a imanência da divindade e a sacralidade do mundo físico. A imanência de Deus diz que Ele (ou Ela, ou Eles/as) está em toda a natureza e, por isso mesmo, o mundo se torna sagrado. Disso deriva o pensamento – como visto no filme Avatar de James Cameron (2009) – de que somos um com a Terra e todas as espécies vivas e minerais.

Outra derivação importante da espiritualidade neopagã é a chamada Ecologia Profunda: não haveria apenas razões materiais pra se proteger a Terra, mas também espirituais. O pagão, na origem latina do termo, é aquele ligado à Natureza, material e espiritualmente, e que se coloca no mesmo nível de todos que compartilham consigo a existência terrena.

Hoje, é perceptível que há adeptos da aromaterapia que a olham não apenas como uma ferramenta terapêutica botânica, mas como um meio de vivenciar sua espiritualidade. A aromaterapia sutil especialmente, que ancora muitas de suas suposições na Doutrina das Assinaturas (embora esta doutrina tenha matriz cristã), presta-se particularmente ao neopaganismo quando atribui alma e consciência às plantas e aos óleos essenciais.

Então, se talvez seja exagero dizer que a aromaterapia é uma prática religiosa (ela não é e nossa aula gratuita de Marketing Sensorial aborda isso en passant), talvez não seja equivocado dizer que ela se adequaria bem a uma sensibilidade e cosmovisão neopagãs, que se caracterizam sobretudo pela crença do caráter sagrado da natureza e da manifestação do princípio Criador em toda sua Criação.

O que achou desta discussão? Certamente é interessante!

Beijos de cheiro, Mayra.