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Direto do frasco ou em fitas olfativas?

Postado às 09:38 do dia 05/08/16

Na aromaterapia, é melhor experimentarmos os óleos essenciais diretamente do frasco ou pingando numa fita olfativa? Leia e descubra.

 

fitas olfativas 2

Fitas olfativas em aula de perfumaria – Foto: Casa Máy

Num curso de aromaterapia, ou numa loja de aromaterapia, é comum que o cheiro dos óleos essenciais sejam experimentados diretamente do frasco. Muito diferente de uma loja de perfumes, onde há fitas espalhadas ao alcance das mãos. Uma razão pra que isso ocorra é que frascos de perfumes vêm com válvula spray – então é preciso borrifar o perfume em alguma superfície para conseguir senti-lo – e os frascos de óleos essenciais vêm com gotejadores – então basta desrosquear a tampa e você já sente o cheiro.

Mas no mundo da perfumaria, mesmo matérias-primas são cheiradas com o suporte de fitas olfativas. Você poderia abrir a tampa e cheirar diretamente do frasco, mas não o faz: molha-se a fita no líquido.

A pergunta, portanto, é o que acontece de tão diferente assim numa fita olfativa que não acontece dentro do frasco?

A resposta são várias, e começa pela evidência mais básica: o óleo essencial, pingado numa fita, seca, mas dentro do frasco não seca. E quando uma substância, que contém dezenas de moléculas diferentes, cada uma com sua própria taxa de volatilidade, tem a chance de secar ao longo do tempo, você também tem a chance de sentir essas moléculas e todo o caminho que fazem desde o momento em que brilham no ar até o momento em que fenecem. Não é possível sentir todas as nuances de um óleo essencial se você o cheirar de dentro do frasco. Esta é a razão principal.

Mas existem outras. Perfumistas diluem os óleos essenciais porque sabem que cada diluição oferece percepções distintas do óleo. Uma lavanda a 20% é distinta de uma lavanda a 50%. Quero dizer, por distinta, percepção olfativa distinta – claro que se trata do mesmo óleo essencial. Esta diluição pode ser feita em álcool, mas mais frequentemente é feita em dipropilenoglicol ou propilenoglicol (que, aliás, eu prefiro). O álcool etílico machuca as narinas de um jeito que essas duas últimas substâncias não o fazem, e também interfere na percepção inicial do cheiro.

Outro motivo para se usar a fita olfativa é garantir que o frasco não seja contaminado. Tem muita bactéria em nossos narizes e você não iria gostar que sua preciosa matéria-prima fosse contaminada com fungadas em cima do frasco. Se pensarmos então numa roda de cheiros, imagine quantos narizes não cheiram um mesmo frasco. Além disso, as pessoas simplesmente erram a mira e encostam o nariz no frasco. Se for uma lavanda, quem se importa? Mas se for uma canela, ou um orégano, ou um CO2 de pimenta-malagueta – já pensou?!

E outra boa razão pra cheirarmos de fitas é que se economizam gotas. Não argumente que uma gota é consumida afinal – a própria gota que você pinga na fita. Todo mundo que já esteve num curso de aromaterapia sabe que é IMPOSSÍVEL as pessoas não pingarem uma gota de óleo essencial do frasco que estão cheirando. Então, numa roda de cheiros, várias gotas serão consumidas se o frasco for entregue às pessoas. Se a pessoa tiver um frasco de óleo essencial de rosa nas mãos, ela esquece o semancol e pinga a gota na palma da mão. Pinga, sim! Acredite: óleo essencial de rosa pode transformar comportados alunos em maníacos sedentos por gotas! Rsrsrs

Brincadeiras à parte, cheirar os óleos essenciais numa fita é simplesmente a melhor maneira de conhecê-los: como evaporam, suas facetas, sua performance e em que escala da pirâmide olfativa estariam.

E dilui-los, embora isso ainda pareça estranho a aromaterapeutas, também é uma boa ideia. Pelo menos é uma boa ideia do ponto de vista do aprendizado olfativo. Lembre: estamos falando de perfumaria. Terapeuticamente, falando de aromaterapia, inalamos o óleo puro – e é assim que tem que ser. Mas aromaterapia é uma coisa, perfumaria é outra: apenas compartilham algumas das matérias-primas.

Beijo de cheiro, Mayra.

 

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